A liberdade é um conceito muito complexo e não o irei
discutir no seu todo. Quero apenas abordar uma das suas vertentes: a liberdade
para atingirmos os nossos objetivos.
Qualquer ser humano nasce com interesses, sonhos, desejos
mais ou menos realizáveis. Todos nós em pequenos “queríamos ser alguma coisa
quando fossemos grandes” e muitas vezes imaginávamos como seria ser isto ou
aquilo, algumas vezes até interpretando os nossos futuros “eus” em brincadeiras
teatrais. Mas estes nossos desejos ao longo do tempo vão-se modificando,
amadurecendo ou até mudando radicalmente. Com o passar do tempo e com o nosso
caminho pela escola, vamos começando a equacionar hipóteses mais “realistas”,
muitas vezes mais de acordo com as expectativas criadas em nosso redor. Mas
também com o passar do tempo vamos percebendo que o nosso acesso a muitas
dessas “profissões” está bloqueado. E muitas vezes, as razões para não podermos
seguir os nossos sonhos são económicas.
Desta forma, podemos ver que, apesar de vivermos numa
sociedade livre e democrática, muitos alunos não têm as condições económicas
para poderem prosseguir os seus objetivos de realização pessoal. A liberdade de
prosseguir os estudos está por isso limitada a alguns com certas posses
económicas, não sendo uma verdadeira liberdade ao acesso de todos. A liberdade
para podermos seguir os nossos objetivos tem por isso de ser construída,
apoiada. Têm de ser garantidas a todos os indivíduos as mesmas oportunidades de
aprendizagem, de crescimento e de realização pessoal, tendo o estado um papel
essencial no garante de apoios para os alunos que pelos seus meios não têm
capacidade para poder seguir os seus estudos. Desta forma, é fundamental construir
os meios para todos poderem ter a mesma liberdade de se autorrealizarem.
A liberdade para alguém se autorrealizar tem por isso de ser
construída, já que todos têm o mesmo direito a serem os grandes que queriam ser
em pequenos.