Desde muito novo que a análise dos partidos políticos me interessa bastante. Sempre
gostei de perceber a razão de se chamarem como chamam, os motivos que levaram à
escolha de determinadas cores e até compreender a tradução prática daquilo que
os seus nomes evocavam.
Rapidamente percebi que a ignorância, a mediocridade e os
“lobistas”, do pouco que restava dessas tradições linguísticas, transformou
estas siglas em meras siglas, ideologias em grupos de amigos e as cores não
ultrapassavam a leve importância de fácil identificação.
Chegar a esta conclusão fez-me ficar triste mas também
curioso.
Comecei por estudar o significado de Social-Democracia. Li
Lenine e vi que era esse o nome da corrente política que mais tarde se
organizou no Partido Comunista; estudei Palme e percebi a adaptação dos valores
socialistas a uma sociedade capitalista democrática e o seu papel na educação e nas escolas; atentei aos registos do
trabalho de Bruno Kreisky e compreendi finalmente o que significava ser
Social-Democrata relativamente no apoio à investigação científica.
Até que olhei para Portugal…
Em Portugal qual seria o partido Social-Democrata? O que
ostenta esse nome com toda a arrogância típica da pobreza intelectual dos
políticos do séc. XXI? Ou o que se esconde atrás de uma “rosa” para tentar
agradar a todos e proteger o seu núcleo?
“Então porque envergam os partidos estes nomes? Será que no
passado eram coerentes entre a sua agenda política prática e a que ostentavam?”
Pensava eu…
Pois bem, aí dei asas à minha veia historiadora e quis saber
se os fundadores destes partidos eram verdadeiramente social-democratas. Estudei,
li e fiz os possíveis por exercitar a minha mente numa viagem temporal até aos
discursos de Mário Soares ou Francisco Sá Carneiro e encontrei neles uma
riqueza intelectual que não se encontra hoje em nenhum dos seus partidos, mas
não encontrei Social-Democracia. Não encontrei ideias para a construção de uma
democracia preocupada em defender o Estado Social, em transpor os valores
socialistas para a economia de mercado. Vi antes o oportunismo, o “lugar ao
sol”, o marfim, o ódio aos comunistas e a proteção dos poderosos.
Aí compreendi que Portugal, apesar de ter socialistas e
social-democratas, não tem nem nunca teve uma verdadeira Social-Democracia.
Contente-mo-nos com comentadores da esquerda caviar? Com socialistas racistas?
Com homens SEGUROS da sua pobreza intelectual e humana e prontos para fazer
dela a arma bestial contra a democracia honesta e a Esquerda democrática? Com
neoliberais que nunca leram Hayek ou Friedman e que se investem de austeridade
como se nada fosse? Contente-mo-nos com uma “social-democracia” de laranja
podre, com o seu conceito enxovalhado por uma corja de “meninós” que leram
ontem o Diário Económico pela primeira vez?
Eu não me contento e, como cidadão, exijo que esses
“social-democratas” dispam esse fato que não é deles, que vistam o fato-macaco
do self-made man que, hoje, graças à diminuição da intromissão do seu governo
chato e maçador, subiu na carreira e hoje serve às mesas.
Vão ler, vão estudar, vão ser empreendedores, mas não se
digam o que não são.
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