Na passada 5ª feira, dia 21 de
novembro, lá fui eu à Aula Magna ouvir o que o Sr. Doutor Soares e os seus
convidados tinham para dizer sobre o tema proposto: Em defesa da constituição,
da Democracia e do Estado Social.
No geral a minha apreciação do
evento foi positiva, no entanto, na minha opinião houve uma lacuna gigante.
Faltou o apelo para a Esquerda se unir contra estas políticas.
Falou-se muito na forma como o Presidente
da República compactua com as políticas do seu partido (que estranho) e
consequente necessidade de demissão, deste nosso presidente.
Tudo verdade, e tudo válido,
mas nada de novo.
Falou-se do desrespeito pela
condição do ser humano português que alcançou os seus direitos a um custo
enorme e que ultimamente os vê serem ignorados e toda a sua luta esquecida.
Chegou até a haver afirmações
em que grandes figuras políticas, Mário Soares e Helena Roseta, quase (digo
quase pois no caso desta última, rapidamente reformulou a sua frase), legitimaram
a violência como meio de resposta à violência que os cidadãos portugueses são
alvos por parte deste governo e das suas políticas.
Pacheco Pereira apareceu com um
discurso populista, numa tentativa de se dissociar da imagem que o
social-democrata é um membro do PSD, e que não se identificava com estas políticas
postas em práctica. Reconheço verdade nas suas afirmações, mas sempre ditas
naquele tom politicamente correcto que ouvimos diariamente por parte destes
comentadores. Verdade ou não, é-me indiferente. No entanto reconheço a
importância de ter figuras como o Professor Pacheco Pereira associadas a esta
causa.
Ruben de Carvalho foi ler o seu
discurso previamente escrito. Pode-se argumentar que todos os oradores fizeram
o mesmo, mas não a este nível. O comunista de quem se esperava uma intervenção
acesa e entusiasmada com esta iniciativa, desapontou pela falta de isso mesmo.
Chamou a atenção para situações como a venda de serviços públicos a capitais
estrangeiros e os despedimentos a que temos assistido, sempre com um tom monocórdico.
Novamente sinto a necessidade de remeter para o título deste post: Tudo
verdade, e tudo válido, mas nada de novo.
Falou o Professor Bruto da
Costa, ao qual pertencem estudos importantíssimos sobre a pobreza em Portugal,
acusando o governo de abuso de poder. O Professor afirmou ainda: “(…)
infelizmente para os governantes e para a troika, escasseiam moedas e sobram
pessoas.”
Coube à eurodeputada Marisa
Matias chegar-se à frente e falar dos estudantes que não têm condições para
estudar, dos jovens que são obrigados a emigrar e da necessidade de um governo
que tenha a vontade e força para renegociar a dívida.
Uma agradável surpresa foi o
discurso de Carlos do Carmo. Falou da sua experiência pessoal, do que significou
o 25 de Abril para si, da sua amizade com Álvaro Cunhal, e mais importante que
tudo isto, que vê demasiadas semelhanças entre os dias de hoje e outro período
da história portuguesa que já pensava ultrapassado.
Dedico-me agora, depois de uma
ingénua análise ao que foi dito, a dizer-vos o que enquanto jovem, estudante e
cidadão português me deixou muito desapontado, eu diria até, revoltado:
O número de jovens presentes na
Aula Magna nesta 5ª feira.
Julgo que teria sido possível
contar com os dedos das mãos as cabeças que não apresentavam tons grisalhos ou
mesmo brancos. Não levei a cabo tal tarefa por achar que já bastava ter ficado
com esta ideia, não quis ficar com pior imagem ainda da juventude portuguesa.
Haverá também aqueles que não
se deslocaram a este evento por não se identificarem com as posições deste ou
daquele orador.
Outros ainda que teriam
certamente melhores programas para o seu início de noite de 5ª feira.
Entristece-me olhar à minha
volta num evento destes e reparar que são muito poucas as pessoas da minha
faixa etária com quem posso discutir o que foi dito.
A grande maioria dos jovens
simplesmente não se interessa por qualquer tipo de actividade política. Vivem
num casulo em que seguem as directrizes que lhes são impostas pela sua educação
sem nunca as questionar.
Falta de sentido crítico. É
este um dos maiores problemas que a minha geração enfrenta. Posso afirmar com
toda a sinceridade neste blog que acredito numa democracia em que os cidadãos tenham
o poder de decidir realmente, mas não sei até que ponto quero que as pessoas
com quem me cruzo diariamente sejam detentoras de tal poder.
Acabo este texto com este
desabafo e com a esperança de um Portugal informado e interessado no seu futuro…
HIperligação para os discursos completos: http://www.esquerda.net/artigo/todos-os-vídeos-da-aula-magna/30365
É fundamental incentivar debates como este entre os jovens, estão demasiado alienados. Não podia concordar mais com esse desabafo
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