Tenho faltado ao compromisso de
escrever para este blogue.
Seria aldrabão se dissesse que a
minha falha se deve à falta de pretexto. Não deve. Até porque no que toca a
meter água a direita não falha. “Malhar na direita” tem por isso tanto de fácil
como de imperativo.
É fácil porque eles se põem a
jeito; imperativo porque nas mãos deles nem os mais elementares mecanismo de
salvaguarda da democracia estão a salvo.
Dúvidas existam e basta ver o que
diz hoje o Eurodeputado Nuno Melo em entrevista ao i.
Nuno Melo, esse grande vulto do
centro-direita e que se preparar para ser o homem forte da direita portuguesa
no Parlamento Europeu, vem dizer que o Tribunal Constitucional é um problema
para Portugal. Não lhe bastava ficar conhecido por um arrufo parvo com a Edite
Estrela…
Não se fale da forma paroquial
com que olha para as questões europeias porque aí o que está dito responde por
si.
E porque é o Tribunal
Constitucional um problema? Porque não permite cortar na despesa, diz ele.
Impõe-se a questão: que despesa?
Aquelas gorduras do Estado que estavam já localizadas pelos partidos da
coligação? Que iam ser desbastadas sem impacto na vida dos portugueses? Que constituíram
o essencial das promessas eleitorais da direita?
Parece que não… Não tenho na
memória nenhum acórdão do Tribunal Constitucional que tenha impedido o corte
dessas gorduras. A menos, claro está, que as pensões de reforma sejam, para
Nuno Melo, “gorduras do Estado”.
Nuno Melo é também parte de uma
direita que se vitimizou a si mesma com a sua demagogia, com as promessas da
solução fácil, com a cultura da irresponsabilidade pelas decisões que tomas.
Viva o Tribunal Constitucional!
Porque é o garante do respeito
pelos princípios essenciais do Estado do direito democrático. Porque assegura o
cumprimento das obrigações que o Estado contraiu com os mais fracos. Porque
está sozinho nesse combate. (E já agora pelo impacto que as suas decisões tiveram
na melhoria dos indicadores económicos.)
Quando perguntam a Nuno Melo “onde
está o lado cristão do CDS?”, ele responde: “O cristão, desde logo, honra os seus compromissos e não se
permite destruir um país na base da demagogia, afirmando, quando a bancarrota
já está à vista, que gastando-se mais dinheiro se vai fazer bem a alguém. O
cristão é aquele que é capaz de gerir com bom senso e com verdade recursos que
são escassos, acreditando que os próximos tempos serão melhores. O cristão não
mente.”
Estes cristãos honram os seus compromissos, é bem verdade.
Com os mais fortes, os ilustres “credores oficiais”, como sempre se referem a
eles pomposamente os membros do governo. Já assim não é com os pensionistas, os
funcionários públicos. Com esses parece não haver compromissos a honrar. Triste
cristão este que se verga perante o forte e é implacável diante do fraco.
Estes cristãos não mentem! Só revogam decisões e compromissos
irrevogáveis.
Triste cenário nos oferece este centro-direita. Paulo Núncio
dizia há dias que Paulo Portas é o melhor líder que o centro-direita já teve.
Convenhamos que os liderados não são o melhor do resultado
da sua liderança.
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