domingo, 1 de junho de 2014

O perigo do vazio

"The only thing necessary for the triumph of evil is for good men to do nothing"
Edmund Burke

Nestas eleições no dia 25 o que mais me preocupou não foi o avanço da direita radical e nacionalista, mas sim, a ausência de ideologia e o vazio das propostas dos Socialistas e Social-Democratas.

Estamos a viver uma era onde, devido ao golpe de estado de Maastricht, o avanço em políticas sociais é muito reduzido e dificultado A cada dia que passa, vemos as conquistas do pós-guerra desvanecerem-se algures pelos mercados. Vemos a xenofobia pelos países do sul ser fomentada não só por nacionalistas mas também por elementos de partidos do Partido Popular Europeu. Temos a confirmação da perda total de solidariedade quando a Fuhrer Merkel afirma que “a União Europeia não é uma união social”.

E o pior de tudo isto não é a afirmação do racismo ou da insensibilidade social, mas sim a ausência de uma oposição de esquerda, forte e democrática. O pesadelo iniciado por Tony Blair revelou-se muito mais que um pesadelo: foi o começo de um suicídio de identidade política.
Perante um cenário tão negativo e depois de anos de austeridade a destruírem a Europa, esperava-se que a Social-Democracia aparecesse a defender os valores do Estado Social, da solidariedade e da proteção dos desfavorecidos. Mas não. Em vez disso esvazia-se como um balão em discursos cinzentos e governos “à Hollande”. Não é capaz de se olhar ao espelho e refletir sobre si mesma. Com um vazio ideológico tão grande à esquerda, repleto de partidos incapazes de capitalizar o descontentamento das políticas neoliberais, as massas aderem a quem põe o dedo na ferida. Já todos o devíamos saber há muito tempo.

Seja, por isso, altura dos seguidores de Bernstein o lerem no original.

     

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