Hoje decidi escrever este parágrafo apenas para exprimir a
minha repulsa com o tipo de informação que vejo a ser anunciada e partilhada
pelos membros desta sociedade. Nós, os indivíduos que habitam o presente, somos
privilegiados e dispomos de inúmeras formas de obter e partilhar informação
mas, no entanto, cada vez que me ligo a este mundo virtual, seja através de
redes sociais ou em supostos sites de informação deparo-me com informação
inócua e irrelevante… Sempre fui da opinião que a partilha de informação é uma
das nossas maiores armas para combater a ignorância e continuo a ser um crente
nessa fé cega. Chamo-lhe cega pois não acredito agora que esta comunidade
global se estimule num sentido que eu considere positivo, que de certa forma esta partilha de informação tem vindo a promover a ignorância e o tipo de informação que se partilha é escolhida de forma a diminuir a capacidade crítica do ser humano. Assim, desviando o intelecto humano de acções relevantes para o seu melhoramento e ocupando-o com temas que têm tanto de fútil como de desinteressante conseguem criar um batalhão de soldados do vazio. Sem saberem, fazem parte da infantaria, ou carne para canhão, ao serviço da sociedade de consumo. A maioria dos
utilizadores destas redes sociais, que beneficiam destas plataformas e podem
assim partilhar informação com (quase) o mundo inteiro, fazem parte da chamada
classe privilegiada, que dispõe de um tecto, uma cama, comida e ah, claro... de
um computador com ligação à internet. Desta forma, estas plataformas de
partilha são ocupadas pelos estímulos ao consumo. A nova onda de partilhas de
fotografias do almoço, da vista de um café num miradouro ou da nova discoteca
da moda veio infectar as mentes dos observadores das mesmas com a falsa necessidade
de comer “aquela” refeição “naquele” restaurante ou de ir beber um copo “naquele”
miradouro. Esta moda não apareceu de forma espontânea, foi pensada,
desenvolvida e posta depois em prática pelas grandes cabeças de marketing desta
nossa sociedade. Sei que enquanto utilizador destas redes sociais (tanto eu
como qualquer outra pessoa) não passo de um mero peão no jogo deles mas se de
alguma forma eu conseguir chegar à outra ponta do tabuleiro talvez tenha uma
hipótese de tentar uma jogada surpresa, a da informação relevante! Claro que
posso ser apelidado de controlador ou podem até apontar o óbvio, que a
informação tem relevância e valores diferentes para todos nós, que hoje em dia
temos a liberdade de expressão para dizer o que entendermos, da forma que
quisermos mas, por favor, peço uma coisa apenas, valorizem o facto de a terem. Não a banalizem. Talvez tenha escrito
isto porque estou farto de ver actualizações sobre o itinerário gastronómico de
algumas pessoas e de saber a opinião de outras sobre o programa de ontem e até posso estar a ser injusto mas muitos escolhem usar esta liberdade para
partilhar o conjunto novo que compraram e eu escolho usá-la para dizer a essas
pessoas: NÃO ME INTERESSA.
Sem comentários:
Enviar um comentário