quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Uma crise de alternativas

A esquerda portuguesa volta a estar na ordem política do dia com a cisão - pois disso se trata – ocorrida entre movimentos políticos e sociais onde se incluíam o Manifesto 3D, o Bloco de Esquerda, o partido Livre e a Associação Renovação Comunista, que não chegaram a um acordo de convergência para a criação de uma lista comum a apresentar nas próximas eleições europeias.

Foi com algum pesar que me deparei com esta notícia. No entanto, e infelizmente, não me surpreendeu.

Se, por alguma oportuna razão, a coligação financeira que governa Portugal fosse abaixo, ficaríamos num perigoso limbo político que tanto poderia tender para uma ainda maior dependência dos mercados e das vontades da finança internacional (o pouco que resta de bens públicos à mercê da maior oferta), como para uma liberdade político-económica fantasma na vanguarda Europeia.
Pondo os factos em cima da mesa, em 2015, o Partido Socialista ganhará as eleições.

Sem maioria, o PS procurará, nos meandros da sinistra e suja rede política portuguesa, uma muleta de fácil controlo, que sirva de fachada na alternância de poderes dos actuais intervenientes de uma democracia directa que tudo faz para disfarçar - e desviar-se - dos sérios problemas que enfrenta.
Com maioria, terá como base de propaganda o crescimento económico e um primeiro-ministro (Seguro?) que surgirá com pompa e circunstância e avisará sorridente que depois da tempestade chegara finalmente a bonança, distribuindo aumentos de pensões, de reformas e de subsídios como agradecimento pelo voto de confiança. 
Em ambos os casos, escusado será dizer, permaneceremos na mesma linha de subversão ao capital e expostos à sua famosa e corruptível mão invisível.

Estamos, neste momento, perante a fase mais decisiva da nossa saúde social desde 1974 e não temos uma alternativa coerente de poder, apesar de termos individualidades com as capacidades  necessárias para suportar esse encargo. Parece-me evidente a necessidade de uma alteração profunda, diria até radical, do comportamento político à esquerda em Portugal.

Depende de nós, porém, filhos da revolução da Internet, encontrar uma alternativa política sustentável numa sociedade em constante mutação onde, pela primeira vez na história da Humanidade, é possível propagar toda e qualquer tipo de informação a um simples clique de distância.


Humanamente responsáveis, aproveitemo-lo.



1 comentário:

  1. Olá Pedro tenho acompanhado os seus textos, e hoje dou-lhe os parabéns: ideias mais concisas e melhor estruturação no texto

    ResponderEliminar