sexta-feira, 14 de março de 2014

"Não passarão!"

Olhar para a situação em que o PSD vive hoje e não lhe reconhecer um mérito é falta de seriedade. Refiro-me naturalmente à unidade. O PSD afina hoje em grande medida pelo mesmo diapasão.
É recuar três anos no tempo para nos lembrarmos de um PSD fragmentado em que os líderes se sucediam a uma velocidade superior à dos governos provisórios no PREC.
Infelizmente afina pela nota errada.
O episódio do chumbo da co-adopção no Parlamento não espanta. Espantaria se fosse aprovado. Não porque a questão não seja digna de merecer todo o empenho num voto maioritariamente (senão mesmo unanimemente) favorável mas porque a orientação de voto de muitos dos Deputados do PSD, cujos votos acabaram por ditar o chumbo, vai na esteira da mediocridade da acção deste grupo parlamentar.
O PSD está unido e é coerente. Na mediocridade.
Poder-se-ia dizer que o epicentro de tudo isto é Hugo Soares, sobre cujas qualidades políticas não me posso pronunciar. Os qualificativos que ele me merece, em nome do respeito que tenho pelo espaço público, não os posso transmitir aqui. Mas seria irrealista pensar que o fedelho tem peso para tanto. É só mais um rosto.
No fundo a origem deste mal está no desprezo que o Parlamento, a sociedade civil, as pessoas (aquele espécime dos pesadelos do Luís Montenegro) e as boas tradições democráticas merecem a esta gente.
As famílias cuja circunstância este chumbo lesa merecem-me o maior respeito, a sua luta merece-me o maior empenho e comungo com elas de uma grande revolta.
Mas este episódio representa bem mais do que parece. Este momento é bem mais do que o chumbo do diploma da co-adopção. É mais um ponto baixo na triste história deste início de década.
Aquilo que começou por ser uma brincadeira de um gaiato para distrair da discussão do Orçamento de Estado (que já era em si uma brincadeira de muitíssimo mau gosto) acabou por representar uma oportunidade de luxo para submergir o pior que este PSD é capaz de fazer.
Desrespeitou os trabalhos parlamentares porque desconsiderou o trabalho de muitos deputados, nomeadamente os seus, que ao longo de meses se empenharam na construção de uma solução séria e estruturada e que pudesse merecer o apoio de todos, desrespeitou a sociedade civil que de disponibilizou a participar na discussão e o fez de forma exemplar, desconsiderou o Parlamento por entender que uma decisão sua não teria legitimidade suficiente e no fim fez o que sabe fazer melhor: ignorou a realidade das famílias que o diploma protegia e chumbou-o. Não conheço o motivo.
Fez aquilo que desde 2011 faz ao país todo. Esmaga e fecha-se sobre si em festas animadas algures num coliseu. Para a próxima ocasião sugiro como banda sonora a "Entrada dos gladiadores", de Julius Fucik.
A luta continua! Pela co-adopção e por bem mais do que isso. "Não passarão!" (Dolores Ibárruri)

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