quarta-feira, 12 de março de 2014

Dos paladinos do "custe o que custar"

José Gomes Ferreira, com o estrondo que a sua inteligência lhe permite, veio reagir ao manifesto que 70 individualidades subscreveram em nome da reestruturação da dívida pública.
Está muito ofendido e amargurado.
Reage de dedo em riste, em tom acusatório, pela responsabilidade que os subscritores, sobretudo os do PS claro está, têm no estado a que Estado chegou.
José Gomes Ferreira compete com Camilo Lourenço no exercício de porta-voz oficioso do Governo. E é diligente. Acontece que desta vez se saiu particularmente mal.
Não tanto porque se demarque do manifesto. Parece nem sequer discordar da necessidade de a dívida se reestruturar. Só não gosta da forma como os subscritores pretendem fazê-lo.
É um democrata de pacotilha. Veja-se que assume a necessidade de a dívida ser reestruturada, assume que o Governo o tem feito, mas entende que reestruturação bem feita é aquela que ocorre no silêncio dos gabinetes.
Luís Montenegro faz doutrina a uma velocidade impressionante. A boa política, pensam estes iluminados, faz-se onde a populaça não a possa acompanhar. Malditas pessoas. São um estorvo.
No fundo compreende-se. Uma reestruturação feita em plena luz do dia demonstraria à exaustão que a esquerda, uma certa esquerda, teve razão antes do tempo. E bem sabemos que já estamos em período eleitoral. Para as Europeias, é bem verdade, mas também para as legislativas, não nos iludamos.
Escuda-se atrás da reacção do Partido Socialista e (mais!) usa-a como argumento. Pois parece-me que tem andado distraído. Não se apercebeu das abstenções violentas, da forma como o PS votou o Tratado Orçamental nem tão-pouco das posições do PS em matéria de revisão do Código do Trabalho. É precisamente em nome da manutenção desta linha de oposição frouxa, e que justifica de resto os resultados paupérrimos que o PS tem tido nas sondagens, que o PS reage não reagindo. Não é vontade de cair na boa graça dos credores. É incapacidade de fazer melhor.
Mas verdadeiramente lamentável é a baixeza de nível com que se dirige à geração dos subscritores.
Gomes Ferreira, como o Governo, vive para dividir. Este é o clássico confronte entre gerações. Entre os autores de todos os males e as vítimas de todas as desgraças. Não acompanho. Não posso acompanhar. Porque as soluções não se podem fazer às custas de uma cisão social. Porque a resposta não está neste confronto. Porque aos erros cometidos por essas gerações somo também muitos méritos.
Acontece contudo que nunca nenhum Governo uniu tanto a sociedade portuguesa como este. E o consenso existe: assim não vamos a lado a nenhum. Só o Gomes Ferreira é que ainda não percebeu isso.




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