quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

É preciso ser

"Eu sou aquilo que tenho. Se não tenho nada, não sou ninguém." (Retirado da obra "Ser ou ter" de Erich Fromm)

Esta é uma triste verdade para muitos dos cidadãos das sociedades ocidentais capitalistas.
Como o próprio sistema fomentou, abandonámos as experiências e o conhecimento pela sua importância na nossa actividade intelectual, abandonámos a profundidade e o humanismo nas relações entre humanos, levando-nos a uma doentia procura pelo bem estar material, acreditando na falsa premissa de que o bem estar nos levaria à suprema felicidade. 
Como resultado temos pessoas infelizes, longe de atingirem o seu potencial humano, intelectual, espiritual e ate de solidariedade, presas à avidez do capitalismo e ao egoísmo necessário para lucrar e vingar neste mundo e para o fazer funcionar. 

Por isso, vamos ser, em vez de ter.
Vamos ser, vamos amar, vamos respeitar a existência do que nos rodeia sem o desejo de possuir, vamos respeitar a liberdade do outro ser a pessoa que quiser ser, vamos dar as armas a quem nasceu sem elas para poder ser o que quiser. Chega de ter, ninguém é feliz por ter. Chega de acreditar que o dinheiro motiva o trabalho intelectual e que motiva as pessoas a chegarem mais longe.

Que pessoa ocidental é esta que só quer possuir, só quer pensar nas suas posses e nem sequer se preocupa no ser humano que é com os outros, nos sonhos que tem, nas ideias que tem, no amor que partilhou?
A conquista do prazer, vivida com a euforia da concretização do desejo de posse, é seguida de uma tristeza, um vazio, de um sentimento de insatisfação que nos leva a procurar concretizar o prazer seguinte, sem perceber que o vazio é o indicador de ausência de crescimento interior, de ausência de concretização humana e intelectual, ausência de ser.´

Chega de mentiras e de viver de acordo com dogmas impostos por mentes pequenas. Chega de compactuar com esta sociedade capitalista selvagem, obcecada com o material, com a obtenção de lucro. Chega de viver infeliz e a procurar a felicidade onde ela não existe.
Para ser feliz, para evoluir, para acabar com as desigualdades bárbaras entre os Homens e para matar esta sociedade materialista, consumista e auto-destrutiva, é preciso "ser".

"Post coitum animal triste est"
(após o coito, o animal fica triste)

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