domingo, 29 de dezembro de 2013

Europa 2014

 Com o ano 2014 à porta, convém não nos esquecermos que as eleições europeias irão realizar-se já em Maio. No contexto de crise que atravessamos, a Europa torna-se o centro da vida política regional, sendo certo que irá ser debatido o caminho que deve seguir.

 Em 2002, as premissas do Tratado de Maastricht, assinado 10 anos antes, tornaram-se uma realidade. A união económica no seio da Europa realizou-se, embora condicionada pela não participação dos países euro-cépticos como o Reino Unido. O destino europeu já estava traçado, para além de uma Europa a 'várias velocidades', o que não era ideal, o sonho europeu acabou por se tornar exequível. A Alemanha também fez parte do Euro, o que parecia uma tarefa delicada, impondo apenas como condição principal um Banco Central Europeu à moda alemã.

 Sete anos mais tarde, em 2009, sentiu-se o grande abalo das economias europeias no âmbito da crise económica generalizada, que já tinha oscilado o PIB real da UE em 2008. Foi uma recessão de 4.5% do PIB europeu, chegando a 14.1% na Estónia, 5.1% na Alemanha e 2.9% em Portugal. Embora este índice não seja suficiente para explicar a devastação sofrida pelas economias europeias, indica-nos o essencial: O Euro não resistiu e revelou ser uma presa fácil para a crise.

 Em 2012, muitos países europeus, entre os quais Portugal, continuaram com recessões económicas tão ou mais graves do que as observadas em 2009. Os planos impostos pela Troika, cujas qualidades a nível de pensamento económico são dúbias, resultaram numa certa fragilidade de soberania dos estados europeus face às entidades europeias e internacionais. O BCE 'alemão' , que mostrou ser um instrumento inútil face à crise - contrariamente ao norte-americano - e a forma como os países do sul se ajoelham face aos do norte, apontam para um fracasso da união económica europeia que nos deixou desorientados. Hoje é seguro dizer que o Euro falhou.

 Maio de 2014 vai chegar já demasiado tarde, porque a crise já actuou. Mas como mais vale tarde do que nunca, é importante saber que mudanças pode trazer. A batalha para o futuro da Europa irá travar-se entre dois campos principais: Os que ambicionam voltar ao passado, ao status quo ante euro; e os que acreditam que o funcionamento da união económica depende da criação, ou aprofundamento, da união política. Sendo o primeiro campo bastante claro, interessa-nos decifrar o segundo.

 É claro que a UE não pode continuar da forma que está, e uma união política iria significar, em primeiro lugar, uma significativa perda de soberania. Essa primeira perda, que passaria pela aceitação de laços políticos intrínsecos, não seria necessariamente má. Numa UE em que se nota que uns estados mandam noutros, o fortalecimento político e institucional poderia significar uma diluição de poder dos diferentes estados no espaço europeu, resultando numa maior relevância política da Europa a nível internacional e numa igualdade de poder decisor de todos os estados dentro da mesma. Parece bonito, mas não sabemos quantos dos países que ao verem no que resultou a união económica gostariam de fazer parte de mais um projecto de integração. É uma palavra forte, mas Federação descreve este plano perfeitamente.

 Seja como for, quanto ao que nos interessa, Portugal irá ser o bom aluno que tem sido, e em situação alguma irá intervir nos gloriosos planos europeus. Resta-nos saber o que nos espera daqui 10 anos: A implosão europeia consequente da radicalização política que a crise está a originar? A emergência de uma federação europeia? Ou, menos provável, que tudo se mantenha como está, que a Europa do sul se afogue e que a do norte se aguente com dificuldades?

O nosso destino é transparente, não somos o Reino Unido, a nossa voz é pequena e a incompetência política grande. Portugal irá ter o mesmo destino que os seus compatriotas europeus, seja bom ou seja mau: Estamos todos no mesmo barco.

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